Zebras, sabemos mais sobre elas do que imaginamos…

Zebras, sabemos mais sobre elas do que imaginamos

Se você fosse uma zebra na savana, sua ansiedade se resumiria ao ver um leão, de longe, e se colocar em estado de alerta. A amígdala da zebra, centro emocional do cérebro, ao identificar um leão como ameaça é capaz de provocar uma descarga de adrenalina em seu corpo que faz com que ela, imediatamente, entre em estado de vigilância para enfrentar a ameaça e ter que decidir entre lutar ou fugir.

O coração da zebra, instantaneamente, dispara e sua respiração acelera, ao mesmo tempo em que seus brônquios se expandem e alguns vasos sanguíneos se dilatam. Isso acontece para que chegue oxigênio suficiente aos músculos exigidos na fuga, que se enrijecem prontamente para entrar em ação.

As pupilas da zebra se dilatam para captar melhor a cena, ao mesmo tempo que sua visão periférica se estreita para focar no leão à sua frente. Outros sistemas são desativados para que ela economize ao máximo sua energia rapidamente.

Nesse momento, passa a existir algo muito mais importante para ela do que a preocupação com sua digestão ou reprodução.

Imediatamente, seus processos de salivação e digestão são interrompidos, o fluxo sanguíneo do estômago e da pele é cortado e os nervos responsáveis pela excitação são desligados. Tudo o que acontece no corpo dela, neste instante, é completamente adaptado para que ela possa decidir entre lutar ou fugir.

Um pouco de ansiedade também é bom

A ansiedade evoluiu ao longo de milhares de anos como emoção útil, para todos nós mamíferos. Ela preparou a zebra para fugir ilesa e com vida, e a nós também. Certamente, Charles Darwin nos diria neste instante, que se estamos aqui agora, vivendo todos os devaneios, sobressaltos e maravilhas do mundo contemporâneo é porque o leão não nos devorou.

Se você fosse uma zebra, provavelmente, um dia teria sido comido por um leão. Mas como você não é, provavelmente, tem outras preocupações que, obviamente, não incluem ataques de membros de uma alcateia. Mas ainda que os leões não tentem invadir a sua casa ou o local onde você trabalha, sua inteligência mobiliza a mesma fisiologia da zebra quando se depara com um leão na savana.

Pensando bem, neste momento, é mais provável que você esteja preocupado com o parcelamento da sua fatura do cartão de crédito ou talvez com trânsito que vai ter que encarar para chegar ao trabalho.

Não importa! O fato é, que em ambos os casos, sentimos medo, angústia e ansiedade, e realizamos em nosso corpo todas as adaptações perfeitas para mandar toda a energia para os nossos músculos e tentar fugir, assim como faz a zebra. O problema é que não conseguimos fugir do parcelamento do cartão, nem do engarrafamento em direção ao trabalho, mas, no entanto, não conseguimos evitar que o nosso corpo queira reagir da mesma forma que o da zebra quando vê um leão.

Amígdala, o centro do nosso medo

Coração disparado, músculos enrijecidos, dor de barriga, boca seca, inibição da libido. Sensações insuportáveis para muitos de nós!

Prancheta 53

A amígdala (responsável pela detecção, geração e manutenção das emoções relacionadas ao medo) das pessoas que sofrem com transtornos de ansiedade são supersensíveis e, por isso, são hiperativadas ao menor sinal de alerta. Elas identificam situações corriqueiras como ameaças severas e provocam, em cadeia, a descarga de hormônios como: adrenalina, noradrenalina e cortisol, relacionados ao estado de “luta e fuga”.

Pessoas com transtorno de ansiedade veem o mundo de modo diferente, porque é difícil para elas racionalizarem um medo sem causa visível. O córtex pré-frontal do cérebro, responsável por nossa cognição e funções executivas, não consegue vencer a amígdala e, por consequência, às vezes, nossa ansiedade pode chegar a níveis tão altos, que perdemos a capacidade de utilizar, uma ou mais de uma, de nossas funções executivas, o que acaba nos causando graves crises de ansiedade.

Qualquer sensação de ansiedade somente será diagnosticada como um dos 7 transtornos de ansiedade, portanto como ansiedade patológica, se estiver causando impactos negativos ou prejuízos em nossas vidas. Esses prejuízos podem ser sociais, envolvendo nossos relacionamentos; físicos, como dores de cabeça e/ou musculares; cansaço extremo; prostração ou até mesmo depressão.

É importante lembrar que o medo é o principal sintoma, presente em todos os transtornos de ansiedade definidos pela versão mais atual do Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-5, publicado pela Associação Americana de Psiquiatria para definir como é feito o diagnóstico de transtornos mentais. Ele é utilizado por psicólogos, fonoaudiólogos, médicos e terapeutas ocupacionais.

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